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"Haverá outras vidas para rapazes nervosos com as palmas das mãos suadas, para atrapalhações agridoces nos bancos de trás dos carros, para capas e batinas em azul real e carmesim, para mães afivelando belos colares de pérolas à volta dos pescoços nus das filhas, para ouvir o nome completo dito em voz alta num auditório, para pastas novinhas em folha transportando-nos até novas pessoas estranhas em novas terras estranhas."
Gabrielle Zevin, "O Outro Lado"
Assɪɴᴀᴅᴏ: Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ 𝐿𝓊𝓏 Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ
"O Outro Lado"

Sɪɴᴏᴘsᴇ Oғɪᴄɪᴀʟ: Liz acorda no camarote de um navio, que partilha com Thandi, uma adolescente da sua idade que lhe é completamente desconhecida. Aliás, como tudo o que a rodeia, à exceção de Curtis Jest, o vocalista da sua banda de rock preferida. Ao fim de algum tempo Liz descobre que morreu e se encontra agora em O Outro Lado, um lugar de sublime beleza, muito semelhante à Terra e, no entanto, completamente diferente. Ninguém fica doente nem envelhece, pelo contrário, as pessoas tornam-se cada vez mais novas até voltarem a ser bebés... Liz encontra sua avó Betty, que morrera antes de ela ter nascido, mas nada disso a conforta, porque tem muitas saudades dos seus pais e do seu irmão, quer acabar o secundário e ir para a faculdade, e tirar a carta de condução! E não quer voltar a ter catorze anos outra vez! Um livro ao mesmo tempo comovente e divertido, que faz o leitor refletir sobre o significado profundo da vida!
Aᴜᴛᴏʀᴀ: Gabrielle Zevin.
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ALERTA SPOILERS!
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O Mᴇᴜ Rᴇsᴜᴍᴏ: O prólogo de "O Outro Lado" segue Lucy, uma pug adorável que perante a morte da dona fica aos cuidados da sua família inconsolável, o que a leva a refletir sobre a estranha perspetiva que os humanos têm sobre o fim de uma vida e questionar que tipo de justiça faz um cão ter uma existência mais longa do que a do seu dono. Depois disso, a primeira parte do livro introduz-nos a Elizabeth Hall, a protagonista, que tem como primeira ação narrada bater com a cabeça num beliche, um beliche que, para seu crédito, não estava no seu quarto quando adormeceu pela última vez. Para tornar a situação mais estranha, Liz repara que tem uma companheira de quarto, Thandi, que acordada pelo seu baque no beliche de cima, lhe revela algo que ela podia ter percebido se tivesse olhado pela janela: Liz está num paquete no meio do mar. Isto leva a alguma confusão, pelo menos até a rapariga perceber que só se pode encontrar num sonho, porque se estivesse realmente de férias e acordada, teria a família com ela....e cabelo na cabeça. Os sonhos são algo com pouco nexo, é o que a protagonista diz a si mesma, porque que outra explicação poderia existir para Thandi ter um buraco de bala na cabeça, para Curtis Jest (o cantor da sua banda favorita) se encontrar num buffet com o braço pútrido ou para Liz ser convidada a ver o que parece ser o seu funeral por binóculos? Bem, há uma, e Liz não está particularmente contente com ela. Quando percebe que morreu tão perto de completar 16 anos, ela não o quer aceitar. Tenta esconder-se no paquete Nilo à espera de voltar à Terra mas a ideia de ser um fantasma não a agrada, então é levada até ao Outro Lado, onde a Avó Betty, que morreu antes do seu nascimento, a espera. O Outro Lado é completamente fora de tudo o que poderia ter imaginado como o pós-vida: lá não existem trabalhos mas sim vocações, não é possível ficar doente nem muito menos morrer, não há escola nem se pode ter filhos e, principalmente, o tempo anda para trás em vez de para frente no que toca aos corpos humanos. Apesar de tudo parecer maravilhoso, ser constantemente mais jovem não é apelativo quando se morre tão cedo, e por isso Elizabeth acaba por cair num estado depressivo e obsessivo face à sua vida anterior, onde passa todas as horas do dia a espiar os seus entes queridos na Terra através dos Miradouros de Observação. Betty percebe que isto não é sustentável então, depois de Liz tentar quebrar a lei mais séria do Outro Lado, contactar os vivos, intervém e garante que ela começa a construir uma nova vida onde está. Para aguentar os anos que lhe faltam até se tornar num bebé novamente e ser enviada para a Terra, Liz vai ter de fazer o seu luto e perceber que a vida não é um conceito sólido com um livro de regras que dita como esta tem de ser vivida, e que pode obter felicidade independentemente de onde está. Na sua demanda, Liz acaba por perdoar quem a atropelou, descobrir o seu talento nato para falar canino e aceitar o amor, na forma exata em que este lhe é apresentado.
Cʀɪᴛᴇ́ʀɪᴏs ᴅᴇ Cʟᴀssɪғɪᴄᴀᴄ̧ᴀ̃ᴏ:
Qᴜᴀʟɪᴅᴀᴅᴇ ᴅᴀ Pʀᴏsᴀ: A prosa é LINDA, não é muito floreada ou complexa, é o oposto. É simples, é direta, passa exatamente o tempo que deve passar com as descrições... Uma das minhas coisas favoritas nela é a forma como lida com a terceira pessoa, que é o tipo de narrativa que o livro segue. A autora torna a terceira pessoa em que a história é contada diferente de alguma forma, e há sempre, SEMPRE, um significado no que é dito, além da comédia claro, é maravilhosa. É uma delícia de ler.
Hɪsᴛᴏ́ʀɪᴀ: Esta é uma das histórias mais bonitas que eu alguma vez li na minha vida (embora esta não seja muito extensa de momento). O conceito em si, é totalmente diferente de tudo o que já me apareceu à frente, a forma como o Outro Lado existe e funciona está brilhantemente executada, nunca em nenhum ponto tive uma dúvida sobre o que foi explicado nem sobre o que não foi. Mas a níveis emocionais, este livro atinge com uma força que acho que nunca desaparece, funciona como um certo apaziguador do medo que todos nós retemos sobre a morte, mostrando-nos que a felicidade existe em todo o lado e que nunca, NUNCA, é tarde para a alcançarmos, nem no pós-vida. Todos os temas da história, a perda, o amor, o sentimento de falhanço, de recusa, de raiva, do perdão, estão absolutamente perfeitos e eu acho mesmo que não é possível colocar em palavras o que o trabalho desta autora provoca num ser humano. É o tipo de história em que vivemos, sentimos e morremos com cada palavra e que nos cura por dentro.
Pᴇʀsᴏɴᴀɢᴇɴs: Para começar, todos os personagens são perfeitos. Eu já me repeti com esta palavra, de certeza, mas não há muito por onde fugir. A Liz é a protagonista perfeita. Tem um equilíbrio RIDÍCULO entre a maturidade e a infantilidade, e quando digo ridículo quero dizer que estou estupefacta com o facto de ter sido feito tão bem. Parece uma adolescente (já que adoram usar essa palavra) REAL, nada dos estereótipos que os media nos vendem e que tantos espectadores dentro dessa idade se desesperam para adotar. Ela não é crescida, claro que não, vamos parar de tentar fingir que somos adultos quando ainda demora tanto até aí. A Liz é efetivamente uma criança em termos neurais, uma miúda, mas está a crescer, e a alternância entre as partes da sua personalidade e raciocínio que estão extremamente desenvolvidas e as outras que ainda não têm a experiência para lidar com a sua situação, fazem-na uma pessoa de carne e osso como nós. Ela lida com a perda e o luto o melhor que pode, e nessa batalha perde muitas vezes, é difícil aceitar que tantas experiências futuras nos foram arrancadas, mas continua a batalhar e eventualmente vence, e nós vencemos com ela. Relativamente às outras personagens, nenhuma é vazia, superficial nem nada que se pareça, são todas cheias de vida e personalidade e conseguimos ouvir o bater dos corações deles tal como ouvimos o nosso ao conhecê-las. Nenhuma fica atrás da Liz e todos conquistam algo ao longo da história, e isso é tangível.
Rᴏᴍᴀɴᴄᴇ: O ROMANCE, AI MEU DEUS! Vou repetir, perfeito. O romance não existe nesta história só porque o queremos, só porque é divertido, não, ele tem o propósito de obrigar as personagens a olharem-se ao espelho e a perceber no que têm de trabalhar. Muito do trabalho interno que as personagens fazem acontece pré-relação, o que eu adoro, e mesmo depois de entrarem numa continuam a aplicar-se, esforçando-se para se tornarem em versões mais completas e, principalmente, felizes de si mesmas. No fim do livro, o estado em que estão nem é comparável com as suas versões iniciais, e isso deve-se muito ao amor. Em termos mais concretos, o romance na vida de Liz é lindo, ela e o seu parceiro (desta vez não digo quem é AHA) ultrapassam imenso juntos, aprendem que regras vale a pena seguirem e quais devem quebrar, que a perda não os pode definir e que enquanto os seus corações baterem, há coisas a viver. A progressão da relação deles acaba por ser rápida em termos de número de páginas mas parece muitíssimo natural e premeditada, nunca é exagerada, e ensina que não vale a pena apegarmo-nos a memórias de primeiros beijos quando há tantos mais a dar no futuro. Há ainda o romance TOTALMENTE INESPERADO da avó Betty e adivinhem....O CURTIS JEST, que é adorável e que mesmo com menos foco tem umas lições na sua manga e desmonta a ideia horrível que Betty tem de ser velha demais para amar (apesar do seu corpo estar a rejuvenescer), que é algo que ainda se insiste muito na sociedade real. Ver um homem que é o sonho de todos na Terra a valorizar tanto a Betty, que esteve sozinha durante anos e anos e que se passou a identificar como avó em vez de mulher por causa da sua idade verdadeira, quase dá vontade de chorar, é fantástico. Isto são os romances saudáveis a que todos deveríamos aspirar.
Iᴍᴇʀsᴀ̃ᴏ: Apesar do aspeto fictício, não é propriamente um livro de fantasia então o único critério é se foi fácil eu identificar-me com as personagens, viver na pele delas e presenciar as suas experiências. Já disse antes que foi, é bastante óbvio.
Iᴍᴘᴀᴄᴛᴏ: Como outros tantos livros, li esta obra pela primeira vez há alguns anos e desde aí repeti umas 10 vezes, sem exagero, às vezes de seguida (sim, acabei o livro e li-o logo outra vez). Como já mencionei, este livro atinge-nos de forma quase agressiva e mostra uma beleza na vida, em todas as suas formas, que desmonta o medo da morte e nos faz, em vez disso, ficar entusiasmados com a próxima que nos espera, como os bebés que são lançados ao rio do Outro Lado. Independentemente das crenças que temos, este livro não tenta em nenhum ponto negá-las, pelo contrário, tenta apenas trazer otimismo e paz.
Cʟᴀssɪғɪᴄᴀᴄ̧ᴀ̃ᴏ Fɪɴᴀʟ:⭐⭐⭐⭐+ 1/2
Iᴅᴀᴅᴇ Aᴄᴏɴsᴇʟʜᴀᴅᴀ: 14 anos no mínimo, apenas porque eu o li mais nova e não atingi tudo o que o livro tinha a dizer nessa altura, independentemente da maturidade. Fora a idade mínima, acredito genuinamente que todos deviam pegar nesta obra pelo menos uma vez na vida, foi incrivelmente marcante para mim, daí a minha hesitação entre dar 5 estrelas ou 4 e meia, porque para mim é uma obra prima mas não sei como ressoa com pessoas muito mais velhas, apesar de esse não ser o público alvo.
Cᴏɴᴄʟᴜsᴀ̃ᴏ/Oᴘɪɴɪᴀ̃ᴏ Fɪɴᴀʟ: Não tenho mais nada a dizer, não consigo vocalizar o quão fabuloso e profundo(mente simples) este livro é, a sua forma de canalizar a mensagem sem empilhar dezenas de simbolismos e conceitos complicados para o fazer, é algo que eu aprecio imenso. Nem todos vão conseguir decifrar os códigos de certas escritas incrivelmente eruditas, e não deviam ter de o fazer para ler obras lindíssimas (mas a forma como isso leva ao sucesso escandaloso de alguns livros comercias que só têm lixo dentro deles é um tópico para outro dia) daí este livro ser especial, não faz exigências ao leitor, só o presenteia. Já está na hora de eu dizer o que quis dizer o post inteiro, RECOMENDO este livro 10000000000%, a sério.
Pᴀʀᴀ ᴏʙᴛᴇʀ: O Outro Lado, Gabrielle Zevin - Livro - Bertrand
Assɪɴᴀᴅᴏ: Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ 𝐿𝓊𝓏 Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ
O Melhor Livro de Julho
Nᴏᴛᴀ: Agora que o blog está a começar a crescer, decidi que a última semana de cada mês vai ter posts especiais. Tal como a melhor série do mês, também vou implementar um novo formato, o melhor livro do mês, só que em vez de esse livro ser uma completa novidade para os seguidores do blog, será um dos que eu falei desde o início do mês até à data. É na verdade, a escolha do vencedor entre as minhas recomendações, e hoje estreamos esse formato.
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Cʟᴀssɪғɪᴄᴀᴄ̧ᴀ̃ᴏ Mᴀɪs Aʟᴛᴀ Esᴛᴇ Mᴇ̂s:⭐⭐⭐⭐+ 1/2
Cᴀɴᴅɪᴅᴀᴛᴏs ᴀ̀ Vɪᴛᴏ́ʀɪᴀ: "Agora Sou Chique" (Geek Girl #1) e "O Outro Lado".
Cʀɪᴛᴇ́ʀɪᴏs ᴅᴇ Dᴇsᴇᴍᴘᴀᴛᴇ:
Gʀᴀᴜ Dᴇ "Gᴏsᴛᴀʙɪʟɪᴅᴀᴅᴇ": Ambos os livros foram leituras fantásticas mas gostei mais de ler o "O Outro Lado", todas as páginas são pura satisfação e têm um propósito claro. +1 para "O Outro Lado"
Qᴜᴀʟɪᴅᴀᴅᴇ ᴅᴀ Pʀᴏᴛᴀɢᴏɴɪsᴛᴀ: Tanto Liz como Harriet são protagonistas com uma longa e difícil viagem interna durante os seus livros, enquanto Liz chega ao cerne dos seus problemas pelo fim da obra, Harriet atinge o primeiro patamar do crescimento pessoal que a coleção Geek Girl lhe reserva em "Agora Sou Chique". Não é justo pôr ao mesmo nível uma personagem que só tem um livro para resolver todas as suas entraves e uma que tem de estender a sua viagem por vários títulos, mas, comparando apenas o início das suas evoluções e a forma como ouvem quem lhes tenta ensinar lições, Liz faz um esforço maior do que Harriet para tentar compreender o porquê da sua situação e puxar os seus limites, além de valorizar mais quem está à sua volta. +1 para "O Outro Lado"
Uɴɪᴄɪᴅᴀᴅᴇ: Aqui não há sequer questionamento, a ideia por trás de "O Outro Lado" é diferente de qualquer outra coisa que eu já tenha ouvido falar, é inovadora, e por mais que eu adore a história da Harriet e que as suas fundações realistas sejam essenciais à mensagem que está a tentar passar, há que apreciar os escritores que deixam a caixa para trás quando escrevem. +1 para "O Outro Lado"
Rᴇsᴜʟᴛᴀᴅᴏ: "O Outro Lado" 3-0 "Agora Sou Chique" (Geek Girl #1).
Vᴇɴᴄᴇᴅᴏʀ ᴇ Lɪᴠʀᴏ Dᴏ Mᴇ̂s: "O Outro Lado" de Gabrielle Zevin.
Apesar de ambos serem livros maravilhosos e terem a mesma classificação, isso não significa que tenham exatamente a mesma qualidade em todas as coisas que fazem um livro perfeito. Mesmo assim, a minha opinião sobre eles não mudou. Para ver uma crítica mais a fundo sobre estes livros:


Pᴀʀᴀ Oʙᴛᴇʀ ᴏ Gʀᴀɴᴅᴇ Vᴇɴᴄᴇᴅᴏʀ: O Outro Lado, Gabrielle Zevin - Livro - Bertrand
Assɪɴᴀᴅᴏ: Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ 𝐿𝓊𝓏 Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ
Biblioteca de Julho

Sendo hoje o último dia de Julho, aqui fica o arquivo dos livros falados este mês com links:
"Quando Éramos Mentirosos": Livros Encaracolados — "Quando Éramos Mentirosos" (tumblr.com)
"A Inesperada" (Oksa Pollock #1): Livros Encaracolados — "A Inesperada" (Oksa Pollock #1) (tumblr.com)
"Agora Sou Chique" (Geek Girl #1): Livros Encaracolados — "Agora Sou Chique" (Geek Girl #1) (tumblr.com)
"William Wenton e o Puzzle Impossível" (William Wenton #1): Livros Encaracolados — "William Wenton e o Puzzle Impossível" (William... (tumblr.com)
"O Outro Lado": Livros Encaracolados — "O Outro Lado" (tumblr.com)
E que leiamos ainda mais juntos em Agosto!
Assɪɴᴀᴅᴏ: Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ 𝐿𝓊𝓏 Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ



aokaga month - day 2: Kagami’s Birthday AU
Kagami: I-I thought you had forgotten about it… Aomine: What the hell are you crying for, dumbass?