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com @dvrkbody | nerissa
em sua salinha no estúdio da aurora, os dias eram mais ou menos iguais. nate gostava de ter as mesmas (e confiáveis) companhias, além fazer as coisas de um certo jeito-- pois tirava o peso de tomar várias decisões por dia, e assim concentrar-se apenas em criar. era ali, sentado na poltrona de couro vinho, um pé apoiado no joelho que segurava a prancheta com seu rascunho, que se sentia mais em casa. "ei! rissa." chamou a atenção de nerissa, jogando um pedacinho esfarelado de borracha em sua direção. ela tinha sido uma de suas conexões mais espontâneas em arcanum. ambos eram artistas e se conectavam via momentos como aquele, conversando, ou mesmo em silêncio enquanto criavam juntos. nate não sabia quando ao certo isso tinha acontecido, mas ela sempre esteve ali em momentos cruciais. ele adorava desenhá-la, suas proporções e diversas feições. naquele dia, a luz indireta de um abajur iluminava a face de nerissa, ressaltando suas características "olha pra mim, tenho que acertar o contorno dos seus olhos." as íris claras miravam as dela, concentradas em cada detalhe. "seus olhos são bonitos. mas acho que já te disse isso antes."

nate deixou-se ser acertado pela bolinha de papel e riu, antes de voltar a concentração para o desenho que fazia. os olhos dele eram rápidos, iam e voltavam dos de nerissa enquanto pequenas expressões de concentração se formavam junto às sobrancelhas. os riscos no papel se convergiam na feérica reproduzindo sua bela imagem. mas nate sempre queria mais quando o assunto era arte--- queria sentir estar olhando para nerissa e não para uma imagem de nerissa. queria conseguir reproduzir o quão bonitos seus olhos realmente eram. "vou ter que pagar seu jantar todos os dias?" perguntou em tom de brincadeira, sem quebrar o intenso contato visual, vez ou outra conversando baixinho consigo mesmo. estava tão acostumado a desenhá-la que a atividade se tornara um forte exercício para sair de qualquer bloqueio criativo. cada vez mais aperfeiçoava seus traços e contornos, reproduzindo toda marca e fio de cabelo. era um modo de entrar em sua zona criativa e sentir-se feliz com o que estava desenhando. "quando eu conseguir expor algo que não seja extremamente perturbador e me dê sonhos estranhos por mais de uma semana, com certeza vou expor você." comentou, antes de se levantar e caminhar até ela, dobrando os joelhos para ficar na altura de seus olhos. "não sei se você notou, mas as pessoas dessa cidade têm o gosto meio subvertido. e isso, é claro, inclui a nós dois." o olhar era acompanhado de uma dose de brincadeira, e nate repousou a prancheta na mesinha que comumente colocava sua paleta de pintura ou formões de escultura, mas que no momento se encontrava vazia. "com licença." informou, antes de levar a mão até o rosto de nerissa e retirar uma mecha de cabelo da frente dos olhos. aproveitou o movimento para segurar seu queixo e incliná-lo mais um pouco. "perfeito."


nerissa não costumava visitar o estúdio da aurora com certa frequência; era verdade que havia conseguido briga com alguns outros artistas de arcanum, e passava boa parte de seu tempo na galeria dos sussurros acompanhada de seus próprios quadros, mas a companhia de nathaniel tornou-se algo que ela gostaria de preservar. por isso, o estúdio da aurora tornou-se um lugar aconchegante para se passar a tarde, mesmo que as artes presentes ali não fizessem muito bem o seu estilo. “você me chama aqui pra me agredir, nate? farelo de borracha, é sério?” não se conteve em soprar uma risada e revidar com um pedaço de papel amassado em sua direção. a sala estava uma bagunça com tantos papéis espalhados pelo chão de desenhos que ela julgava não serem bons o suficiente para passar para uma tela, e resolveu deixar a própria prancheta de lado por um instante quando, mais uma vez, nathaniel resolveu desenhá-la. mantendo o olhar sobre o dele, para que ele completasse o que quer que estivesse faltando em sua obra, a feérica esboçou um pequeno sorriso. “eu acho que vou começar a cobrar por ser sua modelo, sabia? vou querer uma parte do que você ganha como pagamento, e ainda vai ter que pagar meu jantar.” brincou, tentando dar uma espiada na prancheta alheia. estava curiosa para saber o que ele estava fazendo, mas, conhecendo-o da maneira que conhecia, sabia que ele tinha talento e precisava reconhecer. “apenas os meus olhos?” questionou, falsamente ofendida. “você já me disse isso, muitas vezes. mas um elogio jamais fará mal, então continue.”

com @dvrkbody (nerissa)
evento: forjando as lanternas das almas
"esse ano eu vou ganhar, grimrose." nathaniel cantarolou enquanto caminhava ao redor de nerissa, carregando sua peça de vidro para se sentar na bancada da oficina. ele não era um bruxo ou uma fada, então tinha seus próprios meios de decorar as lanternas. com um bico nos lábios, abriu um bolso secreto de sua jaqueta, sentindo-se muito sagaz ao retirar os materiais de pintura. "minha lanterna vai com certeza ficar mais bonita que a sua, e com o brilho melhor também. acho que a minha energia vai emanar um tom púrpura. ou vinho. bem bonito, dentro do tema. com certeza vai me dar pontos." uma sobrancelha arqueada dava mais humor ao tom brincalhão do lobisomem, que àquela altura já estava se divertindo. era bom passar o tempo com ela--- nate se sentia muito mais leve, desinibido, e jovem. era verdade que o evento de forja das lanternas não era uma competição, mas todos os anos desde que ele começara a entrar no clima para o halloween, apostava com a amiga para ver quem criava uma lanterna melhor. "vamos lá, dá seu preço pra esse ano. dinheiro ou... travessuras?" completou com um sorriso na voz. "mas precisamos de um jurado imparcial dessa vez. não conta se você conhecer."

"pegar leve comigo, nerissa?" ele semicerrou os olhos, proferindo o nome dela como se tivesse levado um tapa no rosto. "você acha que isso daqui é uma competiçãozinha fuleira? cadê o seu respeito com a minha profissão, ô..!" nate estalou a língua no céu da boca simulando uma irritação, mas a verdade era que se divertia--- e muito. tanto, que tinha que apertar os lábios para suprimir um sorriso que teimava em escapar. "quem disse qualquer coisa sobre dinheiro? eu tô quebrado, não ouviu falar? tive que consertar um pedaço do estúdio que pegou fogo e... ahm, tive outras pendências pra resolver." tentou não dar tanta ênfase para essa parte da conversa, para que não se tomasse um rumo diferente do da diversão. "tô pensando mais em coisas materiais. tipo aquele seu pincel mágico que eu adoro." a olhava de soslaio, um sorriso de canto crescendo nos lábios pelo ar eletrizante que a aposta deixava. "ou se você tiver outra ideia melhor, estou todo a ouvidos. oh--- talvez possamos jogar gostosuras ou travessuras? sem as gostosuras. pra quem perder, só as travessuras." brincou, e logo revirou os olhos para a insinuação de alguma vez ter pensado em roubar. "eu não trapaceio. já você..." o hawthorne a olhou de cima a baixo. "bom, é como dizem... eu não botaria a minha mão no fogo pra atestar sua idoneidade. vamos lá grimrose, está quase na hora do show."


seu cronograma para o mês de outubro incluía as mesmas tradições de sempre: gostava de confeccionar a própria fantasia de halloween e visitava a feira de doces encantados e se divertia com os efeitos mágicos dos doces. e, principalmente, apostava com nathaniel quem fazia a melhor lanterna. naquele ano, ela estava, mais uma vez, disposta a ganhar na pequena competição que haviam criado – e reivindicaria um prêmio do amigo. enquanto caminhava ao lado do lobo, não deixou de revirar os olhos em sua direção, acreditando que aquela postura era, no mínimo, muito presunçosa. era óbvio que ela ganharia dele naquele ano e faria uma lanterna melhor que qualquer outra. não aceitaria perder. ❛ eu tenho pena de você por achar que pode ganhar de mim, hawthorne. ❜ respondeu, com um pequeno sorriso provocativo. ❛ mas está tudo bem, eu posso pegar leve com você e te fazer acreditar por alguns minutos que pode me vencer. ❜ deu dois tapas leves em seu ombro enquanto falava. apesar de todas as provocações, os momentos que passavam juntos eram realmente agradáveis. era competitiva, não poderia negar por mais que desejasse, mas irritá-lo um pouco e passar um tempo com ele era melhor que vencer de fato. ❛ você acha mesmo que eu vou te dar algum dinheiro esse ano? pode ir esquecendo. nunca, jamais! ❜ era possível perceber um certo cenário dramático ao seu redor, colocando a palma sobre a testa como se pudesse desmaiar com a hipótese. ❛ e como posso ter certeza de que você não vai tentar trapacear e conseguir um jurado que você conheça? é isso o que pensa sobre mim, nate? que eu sou trapaceira? ❜ ela sabia que era, mas tentava não admitir em voz alta.
