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Não quero colorir meu preto e branco
hoje eu quero ser essa fita antiga
tocando jazz no fundo da sala,
hoje eu vou escrever sobre você
pra te arrancar do meu peito em cada verso solto
até não restar mais nada de ti,
em mim.
|Sobre destruir e reconstruir
Sobrevivo
mesmo quando penso que não posso aguentar nem mais um dia,
eu não consigo desistir de vez
porque a visão do sol nascendo ainda parece bonita daqui.
|Sobre a cabeça de um ansioso
Vá, viva suas histórias
amores, dias de sol,
e quem sabe nos encontramos de novo
quem sabe seja você (ou não)
e quem sabe aprendamos a amar direito.
eu ainda vou continuar dramática, garanto,
se eu passar e você não me segurar
eu me convenço que fiz a melhor escolha
e aí tudo escorre pelo ralo.
eu estou me apaixonando pelos meus
olhos castanhos de novo
e abrindo as janelas para iluminar
esses dias de pós-você,
se bem me lembro,
eu já me amava antes de ti.
|Ascensão
Você mudaria o seu percurso se eu te dissesse que
eu sou apenas uma devastada pintura japonesa
daquelas que não duram muito no salão de arte
daquelas que parecem um borrão que ninguém entende
e interpretar dá tanto trabalho que não vale a tentativa.
um furacão reprimido em um ser de 1.63
onde cabe tanto desespero
que se eu abrisse uma pequena brecha da minha casca
não sobraria nada de você
além de cinzas.
|Distância
No fim do dia, tudo o que sobra
é a bela vista do céu estrelado
chá calmante
roupas de frio
e está azeda sensação de que mais um dia, eu não fiz o bastante, não foi o bastante.
o que me mantém de pé é esta bravura por sobreviver, a troco de quê, eu ainda não sei,
mas insisto, eu insisto em continuar.
não tenho muito a perder
mas eu tenho as estrelas, eu tenho a mim,
vai ficar tudo bem.
Em breve morreremos
então corra logo
vai buscar o que é teu
vai buscar o que você esqueceu
entre as dores e friezas do mundo.
ame ou não
ame com toda a profundidade e força que teu coração suportar.
pega a estrada e não olha pra trás,
não olha pra trás.
falta você em cada canto bonito do mundo
falta você nas livrarias
falta você nos teatros
e no conjunto de retratos considerados tesouros nacionais ou maior
falta você no sonho que você adiou.
de qualquer forma,
o universo não dá a mínima
então grave seu nome
em cada lugar desse maldito palco
e morra feliz.
Em breve morreremos
então abraça forte
perdoa.
perdoa de novo.
perdoa de novo e de novo
até que não reste nenhuma magoa no teu peito, perdoa. perdoa. perdoa.
porque não há certeza sobre o amanhã.
|Declínio suave
Uber falante
dentista, contas, fumantes
química, física, línguas
vestibular, concurso, pressão
cadernos, lembretes, insônia
remédios pra insônia, terapia
não, terapia não
estamos sem grana,
sem grana, o gás acabou...
- mas tem carvão!
- amém!
Estatística:
arte ou exatas?
arte ou um “emprego de verdade”?
arte
arte
arte pra quem?
arte solitária de garagem
fim de tarde
com choro reprimido no peito
recepcionistas lentos
poetas sem rumo
educação zero
miniaturas de vida
rastejando
por um
pedacinho
de pão,
a cidade é um esgoto
um esgoto a céu aberto,
e eu que sou a louca?
“nós morremos quando somos esquecidos” - eu ouvi.
e me senti como se fosse uma fumaça leve
se dissipando entre as nuvens
tão sutil que mal pode ser vista
e todos os meus sonhos queimando
devastadoramente queimando
como flores de cerejeira no deserto seco.
o meu fogo, que já não é mais fogo forte
e sim uma faísca teimosa
arde no meu peito
clamando por todas as esperanças que há no mundo
por todas as esperanças que talvez não sejam minhas
meu peito continua ardendo
como um verdadeiro guerreiro
e me convence todos os dias
que sobreviver não é tão mal assim.
|Brasa
nada faz sentido
em exceção dos teus olhos
e da dor aguda no peito que tu tem abafado até dormir.
todos estão correndo
e você também está
embora pareça que nunca sai do lugar.
porque eu também me sinto assim
apesar do café, do vinho, da música
e do frio que eu tanto amo.
nada faz sentido
em exceção da tua voz
e do teu coração cansado dos dias vazios.
nada faz sentido
mas estou tão feliz por você continuar,
estou feliz por te ver tentando,
aguente firme. você está indo bem.
Notas tristes bonitas
escorrendo dos seus olhos
olhos pequenos agraciados.
eu digo que você é a melhor, querida
mas você chora às 2 da madrugada
porque é pesado as tantas borboletas que carrega.
você é boa o bastante para ter tudo isso.
floriculturas, bichinhos de pelúcia
aquele arco-íris entrelaçado
em teus cabelos ondulados.
você é paz que anda.
eu me desmancho cada vez
que você passa por aqui.
que despeja leve cheiro de doces,
cachorrinhos filhotes,
perfume peculiar que deve ser
a mistura de todas as belas flores do campo.
você é boa o bastante para ter tudo isso.
você é boa o bastante.
F l o y a
eu não tenho pra onde correr
e se eu correr agora, com que postura vou dizer que sou forte e merecedora dessa generosa fatia de bolo? doce, como a vida é
as vezes.
sinto meus sonhos e forças escorrendo suave e lentamente com minha juventude e tenho tanto medo.
tudo isso me causa tamanha urgência de viver e de realmente arriscar caminhos incertos, mas que por algum motivo eu sempre quis, e por quê?
eu temporariamente estacionei, nesta pequena e doce vila. a paciência é uma grande qualidade. a maior qualidade. é difícil esperar. mas aí é que está a questão...
do fundo do meu coração, o que é que estou esperando?
como se estivesse guardando um segredo de mim mesma e mais tarde, bummm! uma surpresa.
e nem vou falar sobre o pesadelo da consciência de classe, as dificuldades da vida adulta - de um adulto pobre - lutando dia após dia, subindo degrau por degrau pra alcançar um céu azul limpo, não visto antes por trás do grande muro.
também não vou falar sobre a solidão da nova geração, sobre a superficialidade das relações, sobre as máscaras sociais, sobre nossa constante espera... pelo quê?
só se vive uma vez realmente. e como deveria ser? por que insistem em dizer como deveria ser? por que um vida que só se vive uma vez tem de ter um script pronto feito por sei lá quem? uma grande e longa confusão.
"Tive vergonha de mim próprio quando percebi que a vida é uma festa de máscaras, e participei com o meu verdadeiro rosto"
e esqueci de dizer que nem disfarçar a tristeza eu aprendi.
mas vou aprender.
eu estou talvez, numa busca constante, de descobrir o que é que eu quero, afinal? quem eu quero ser afinal?
suspiro longo, durmam bem.
Quero lembrar o meu nome
e explodir a norma fugir da norma e não olhar pra trás.
Estou em constante mudança como um equilíbrio instável como uma coisa macia e bagunçada sendo esculpida lentamente e lento é melhor que nada e esculpir a si mesmo, é doloroso e é talvez, um dos preços para fugir da norma.
Quero lembrar o meu nome porque não quero permitir que as circunstâncias me convençam de que tudo isso está certo e não quero me acostumar com as circunstâncias que foram criadas para me prender nesse pequeno quadrado que dizem que foi destinado a mim.
Eu preciso lembrar o meu nome porque os ossos doem porque o tempo é meu bem mais valioso e estou o vendendo por tão baixo preço.
Eu preciso lembrar o meu nome e preciso escolher a dor que vou sentir, porque definitivamente eu vou sentir e preciso escolher um caminho e preciso conversar com minha criança porque tenho certeza que não foi isso o que ela escolheu pra nós.
Há uma estrada que nunca foi desbravada
porque não sabem onde ela leva
ela leva a lugar nenhum
e o futuro é incerto
se você não for por ela, então por onde você vai?
porque aqueles que criaram seu próprio caminho
tiveram que pisar em espinhos
se você nao sabe pra onde vai, então pra onde você vai?
venha pra estrada de lugar nenhum
e talvez encontre um detalhe interessante
pessoas fazendo percussão, cantando, escrevendo coisas sem sentido
isso faz sentido pra você? o que faz sentido pra você?
aliás, o que não faz sentido pra você?
você ri pra não enlouquecer, você ri porque acha engraçado
ou você ri porque já enlouqueceu?
já somos tão crescidos, não podemos chorar como uma criança acuada e nem temos direito de sentir medo
venha para a estrada de lugar nenhum
há ideias na sua mente?
há uma cidade na minha mente!
há um leãozinho enjaulado, domesticado
será que ainda sabe rugir?
eu vou para a estrada de lugar nenhum.