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4 years ago

Desordem

Desordem

Algumas vezes as coisas flutuam sem ordem.

Os sentimentos não se acodem.

E a música se desfaz, sem ter quem a ponha em ordem.

Como uma respiração fria congelando a garganta no verão.

Um formigar sem formigas.

Um fechar pesado nos olhos ao som de cantigas.

Algumas vezes tudo muda.

Tudo inunda, afunda, e imunda.

Com facilidade mesmo que confunda.

Os nós se aplicam a nós.

E os eles a eles.

Eu entendo meu bem, eu vejo.

Ah, como eu vejo.

Meu coração se amarga.

Minha boca se morde.

Com facilidade a felicidade seria nossa tempestade.

E meu eu, o desastre, alastre.

Algumas coisas alteram outras.

E as outras, outras.

E essas outras alteram nenhuma.

O vazio oculpa.

Oculpa espaço sem ter culpa.

Com facilidade, mesmo pedindo desculpas.

Os nós se formam.

E os eles se deformam.

Eu entendo meu bem, eu sinto.

Ah, como eu sinto.

Sinto muito, sinto tanto, sem encanto, eu canto.

Meu coração amarga, adoce-o.

Minha boca se morde, beije-a.

Com facilidade eu entederia os lados.

Como sempre faço quando estilhaço.

Caçando o amor nas palavras e movimentos.

O calor da empatia, no tempo que o nó não se fazia.

Algumas vezes a gravidade ganha.

Nos pega, panha.

Com facilidade nos ganha.

Fazendo acreditar que ela não nos é estranha.

Eu entendo meu bem.

Sei que as lágrimas não tem mais calor.

E só te enchem de furor,

Mesmo você agindo ainda como um beija-flor.

Eu vejo, meu bem.

Ah, como vejo.

Queria que visse também.

Como eu te vejo bem.

Mas, tudo bem.

Algumas vezes as coisas flutuam sem ordem, para o nosso bem.

- Izabela Rodrigues


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