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Desordem

Algumas vezes as coisas flutuam sem ordem.
Os sentimentos não se acodem.
E a música se desfaz, sem ter quem a ponha em ordem.
Como uma respiração fria congelando a garganta no verão.
Um formigar sem formigas.
Um fechar pesado nos olhos ao som de cantigas.
Algumas vezes tudo muda.
Tudo inunda, afunda, e imunda.
Com facilidade mesmo que confunda.
Os nós se aplicam a nós.
E os eles a eles.
Eu entendo meu bem, eu vejo.
Ah, como eu vejo.
Meu coração se amarga.
Minha boca se morde.
Com facilidade a felicidade seria nossa tempestade.
E meu eu, o desastre, alastre.
Algumas coisas alteram outras.
E as outras, outras.
E essas outras alteram nenhuma.
O vazio oculpa.
Oculpa espaço sem ter culpa.
Com facilidade, mesmo pedindo desculpas.
Os nós se formam.
E os eles se deformam.
Eu entendo meu bem, eu sinto.
Ah, como eu sinto.
Sinto muito, sinto tanto, sem encanto, eu canto.
Meu coração amarga, adoce-o.
Minha boca se morde, beije-a.
Com facilidade eu entederia os lados.
Como sempre faço quando estilhaço.
Caçando o amor nas palavras e movimentos.
O calor da empatia, no tempo que o nó não se fazia.
Algumas vezes a gravidade ganha.
Nos pega, panha.
Com facilidade nos ganha.
Fazendo acreditar que ela não nos é estranha.
Eu entendo meu bem.
Sei que as lágrimas não tem mais calor.
E só te enchem de furor,
Mesmo você agindo ainda como um beija-flor.
Eu vejo, meu bem.
Ah, como vejo.
Queria que visse também.
Como eu te vejo bem.
Mas, tudo bem.
Algumas vezes as coisas flutuam sem ordem, para o nosso bem.
- Izabela Rodrigues