Senso De Identidade

senso de identidade

me enxerguei mulher pensando em minhas atitudes depois dos dezoito anos de idade quando passei a fazer coisas que não gostava antes porque percebi que seria bom pra mim futuramente

cada vez que troquei café por chá de camomila só por medo do café estragar muito o esmalte dos meus dentes (e por que gostei mais)

cada vez que comi banana mesmo sendo uma das pouquíssimas frutas que eu não gosto da textura, só porque ela faz bem pra saúde.

que acordei cedo pensando nas horas a mais pra aproveitar e em como isso era bom em muitos quesitos também

quando deixei de ser "maria vai com as outras" e parei de me negar a ler livros ruins e usar a opinião de quem leu pra justificar o porque de eles serem ruins, e me negava a ler.

eu os li

me enxerguei grande quando assisti a filmes ruins e ao invés de ignorar apenas me diverti com eles.

quando me permiti conhecer uma cultura diferente e abrir as portas pra um gosto musical incrível que me fez extremamente bem

quando passei a me permitir ficar sozinha e apaguei o número do cara mediano que ainda tinha rolo com a ex

o que eu quero dizer é, a gente se descobre tão grande quando se permite conhecer coisas novas (que sejam boas e que agreguem algo) o quanto a gente evolui e fica cada vez mais um passo a frente por buscar conhecer coisas.

todo mundo deveria ter um tempo pra si, sozinho se descobrindo e entendendo seus gostos e preferências, se conhecer sabe tem tanta gente que não se conhece, é bom ter senso de identidade...

eu por um longo tempo não tive

quando a gente se conhece, se entende, ficamos bem menos interessados no que as pessoas pensam de nós, e obvio que não encontramos só coisas boas mas a gente devia enfrentar e mudar o que nós mesmos achamos que pode melhorar

eu já comecei, você começa quando?

AL

céus e mar

Eu pensei “pelo menos estou vendo o mesmo céu que ele agora, as mesmas estrelas e essa lua deslumbrante” mas aí me ocorreu que você viaja tanto, buscando aventuras, que provavelmente está do outro lado do mundo agora. E o que você vê é um céu azul com poucas nuvens, ou talvez um céu cinza em alguma cidade que fique constantemente coberta por nuvens grossas que não vão embora quase nunca.

Existem tantos céus possíveis para você, e somente um para mim.

E mesmo que tenham sido tão breves nossos momentos, eu o amo profundamente e o amo mais ainda por saber que nunca o terei para mim.

Eu gostaria de me iludir de ser tola pelo menos por agora, como nunca fui antes nessa minha vida e conseguir acreditar na ideia de que estamos sob o mesmo céu estrelado e que nele estrelas cadentes simbolizam as lágrimas dos nossos corações,

por não estarmos juntos agora.

“Eu tenho a alma livre” você disse, “ eu não quero ficar e me apaixonar por você”. Achei cruel da sua parte inclusive, deixar nas entrelinhas que haveria essa possibilidade se você ficasse… e eu parei de tentar não pensar nele,

porque isso nunca funcionou antes.

É injusto demais, pensar o quanto um amor como seria o nosso (e que talvez você já o sinta e lute absurdamente contra ele) nunca vai vingar, simplesmente pela força do não querer. Do SEU não querer. E eu que nunca achei que poderia ser amada vi alguém dizer pra mim que estava indo embora justamente pra que isso não acontecesse.

Eu até admiro a sua covardia, ela salva você mesmo que te prive de tanto.

Eu ao contrário, me jogaria a você como quem se joga ao mar (sem saber nadar) numa tentativa de suicidio. Eu sei quem é você, mas mesmo assim o queria.

AL

inspirado em um texto da TCD (Igor Pires)

inverno

todos os dias eu acordo com uma vontade de viver por mim e pra mim, desde que fui ficando mais velha comecei a compreender o espirito livre que eu carrego e o quanto eu sou autossuficiente.

mas quando o inverno chega esses dias chuvosos me fazem querer alguém aqui, sabe? em dias como esses, em alguns especialmente mais frios, eu queria o calor de alguém do meu lado.

um perfume diferente uma voz que me fizesse querer falar (eu que sou tão calada) só para ouvir o retorno.

só para ouvi-la...

e pensar o quanto é linda a voz da pessoa que estou amando!

não é como se eu ficasse triste por não ter um amor mas é aquela sensação de que faltam tantas coisas e entre elas, amar alguém.

AL

eu ando sobrecarregado de carregar além da minha a bagagem dos outros também, minhas costas estão cansadas demais.

E ninguém liga

eu não tenho tido tempo de sentir minhas próprias tristezas porque todas as lamentações e brigas tomaram esse espaço, esse espaço que deveria ser meu mas está sendo usado de deposito por outros.

AL

vinis, cds e fitas K7

ouvir uma música ou um álbum inteiro que você dedicou a alguém é um dos processos mais difíceis de se encerrar, é a parte que a gente adia inconscientemente, quando a gente tenta dar uma chance a músicas que nós tanto gostávamos e mesmo depois de anos elas ainda nos trazem lembranças desagradáveis.

músicas são como as paredes da nossa casa em nossas vidas, elas guardam lembranças e nos transmitem energias.

talvez a única maneira de fazer com que nunca mais nos deparemos com elas seja dedica-las a alguém novo

ou mudar de casa

no caso das paredes.

ou você pode optar pela opção mais difícil, ouvindo-as todos os dias até torna-las suas de novo.

memórias são como estrelas, somem durante o dia para dar lugar ao sol mas ressurgem a noite, nossas lembranças tristes ficam embaixo da nossa camada de superação mas elas ressurgem quando a o contato com coisas que marcaram a época

seja ela qual for, sobre o que for

é difícil escrever sobre o amor quando eu nunca vivi um

mas eu posso falar sobre magoas e abandonos porque eu penso que me aconteceram muito, guardo minhas coisas só para mim, as músicas favoritas, objetos favoritos, livros e flores favoritas. Minha paixão por vinis, cds e fitas cassete.

Não quero compartilha-las e depois não aguentar vê-las

quanto as memórias, gostaria de poder manipula-las de modo que eu levasse ainda os aprendizados comigo mas conseguisse esquece-las,

têm sensações que não merecemos sentir para sempre, não devia ser assim, será que é assim?

allana lima

sem cores

senti que precisava escrever porque escrevendo eu me descreveria um pouco para quem viesse a ler meus textos e para que eu me enxergasse melhor

não é como se eu estivesse explorando cada escombro da minha alma, mas como uma transferência de coisas que ninguém por perto quer ouvir e muito menos ler.

ah se eu pudesse escolher, eu seria uma pessoa boa e menos egoísta

de todas as batalhas que luto sozinha, escrever também é uma delas, são tantos medos e frustrações...

é difícil sempre lutar tanto pra transmitir a alguém as coisas que sinto, sejam elas escritas ou não.

queria admirar o que talvez ainda haja de belo em mim, tenho esperança de que escrever me faça achar algo bom aqui dentro, algo que eu possa oferecer a alguém que a alma também esteja em ruínas

sempre quis ajudar sobre coisas internas mas que tenho eu que possa oferecer que seja suficientemente claro pra ser entendido?

ser objetiva não é meu forte

eu nasci uma perfeita ilha de confusões sem habitantes, lugar que ninguém quer visitar e se chega por acaso logo vai embora

talvez eu seja um porto ambulante sombrio demais para os navios ficarem minutos que sejam, os que se arriscam a parar

sonhei com algo grandioso, com o alguém bom e amado que eu não sou mas queria ser

de todas as coisas que escrevo as mais recentes são as mais difíceis porque minha vida se tornou monotona, seca e parada.

como posso escrever se não tenho vivido a vida como deveria?

tudo parou aqui fora e consequentemente tudo foi ficando mais lento aqui dentro, me sobra escrever sobre passa-tempos fúteis porque afinal de contas já que não posso sentir o amor me deixem ser fútil em paz!

AL