Para Nate, Demnios Eram Seres No Dignos De Sua Total Confiana. No Entendia O Que Os Motivava E Nem Gostaria

para nate, demônios eram seres não dignos de sua total confiança. não entendia o que os motivava e nem gostaria de entender, mas também não nutria nenhum tipo de inimizade com eles. ficaria apenas de olhos bem abertos, para não cair em nenhuma de suas tramoias ou pactos desvantajosos. tinha certa familiaridade com tony, devido a katheryn, mas podia-se dizer também ter três pés atrás com o demônio. engolindo seco, limpou a umidade dos olhos, mãos quase tremendo de mais pura emoção. o que ele tanto desejava estava ali, logo atrás das formalidades e sabe-se o que lá mais. resignado, sentou-se, cruzando as pernas para que não ficassem pulando. sabia que ser alguém incapaz de esconder as emoções lhe traria desvantagens, mas em mesma medida não ligava, se isso significasse ter um vislumbre falado de sua família. elias, emma, seus pais e amigos. "certo. se eu esperei por cinco anos, posso esperar por mais alguns minutos." disse, mas a voz lhe traía, em mais pura ansiedade. "trouxe seu dinheiro."

Ter informações, na verdade, vender informações que conseguia já era um baita privilégio. Agora se tratando de informações de fora era ainda melhor para os desesperados e curiosos de plantão. Tinha uma pequena clientela muito bem selecionada afinal não era tão fácil conseguir algo de fora da cidade, mas tinha seus métodos. Ilegais, claro, mas o que se esperar de um demônio? Ainda assim, não era qualquer que aceitava para conceder a informação para começo de conversa, então quando ouviu a busca e um certo desespero de Nathaniel, sabia que poderia se aproveitar daquela questão. Combinado o encontro para aquela noite, Tony apenas aguardou a presença dele na Oitavo Pecado. ⸻ Nate! Ele abriu os braços para receber seu convidado claramente nervoso para saber as informações pedidas para si. ⸻ Anda, vamos, sente! Fique a vontade, relaxe um pouco. Ofertou enquanto o empurrava para a poltrona confortável e lhe entregava um copo de bebida, sorrindo para o rapaz. ⸻ Não precisamos de pressa, certo?

❛  don't even think about trying to beg for forgiveness.  ❜

nathaniel hawthorne tinha um número curiosamente grande de pessoas querendo sua cabeça na bandeja. até então, havia trilhado um caminho sinuoso em arcanum, cheio de esquinas e reviravoltas. à mercê das fortes emoções de tristeza, desespero, e elevados níveis de estresse, o rapaz acabou fazendo muita coisa errada, deixando assuntos inacabados, e consequentemente desapontando diversas pessoas. a mulher à sua frente era um de seus muitos insucessos... um bastante dolorido, por sinal, tanto no bolso quanto na cabeça. nate sabia o quão perigoso poderia ser se envolver com criaturas feéricas, mesmo em níveis de amizade, mas ainda assim resolveu se aventurar enquanto as coisas estavam boas: a bebedeira, drogas, noitadas e festas. quando nathaniel resolveu seguir seu próprio caminho, porém, decidiu por ambos que seria melhor se afastarem. tinha sido egoísta, é claro, como em muitas outras situações de sua vida, mas para nate àquele tempo era algo necessário para que pudesse seguir em frente e deixar a memória de johanna ir embora. jinx, porém, não aceitou muito bem esse desfecho e resolveu lhe contar de uma maneira um tanto... brilhante. a frustração no rosto do jovem era evidente ao ver as chamas engolindo suas pinturas, retorcido em uma careta de dor e raiva. ele sabia que só uma pessoa poderia ter feito aquilo com suas preciosas obras, quadros que tinha demorado meses para concluir. só uma pessoa o atacaria de maneira tão pessoal. os passos pela rua de arcanum até encontrar jinx eram largos, o coração batendo no peito, bombeando adrenalina pelo corpo. "pedir perdão?" repetiu, incrédulo, suado e arfando. "você BOTOU FOGO nos meus quadros! pra que caralhos foi isso, jinx?! sabe quanto vai me custar?---- ou melhor," se interrompeu, porque ao ver a expressão da outra, sabia de imediato ser inútil aquela conversa. nate repuxou os fios loiros, a boca entreaberta. "... eu não acredito nessa merda. vou pagar até quando por ter te deixado insatisfeita?"

nathaniel revirou os olhos para os comentários de joachim; já estava acostumado à falta de receptividade entre alguns lobisomens, principalmente por escolher manter-se sem uma alcateia. mas nenhum deles realmente se importava em perguntar-lhe o motivo de tal escolha, e mostravam-se tão desacolhedores de um jeito bastante gratuito, então, nate acabava se importando pouco. tragou seu cigarro outra vez. "se você não se importasse comigo talvez não ficasse tão indignado com essa sugestão." o hawthorne sorriu, perambulando em meio à escuridão. quando os olhos se ajustaram, brilhando de um jeito sobrenatural, podia enxergar bem. deixou o cigarro pendendo nos lábios para manter as mãos livres e mexer em algumas caixas, passando os dedos nas trincas. "o que você acha que tem aqui dentro?" antes que joachim pudesse responder, a cabeça girou na direção das batidas. "ui." nate começou a andar na direção da porta. "medo? eu? nunca me assustei na vida." era mentira, claro, mas aquilo ainda era pouco para incitar a circulação mais rápida de adrenalina. "será um espírito? não dá pra morder exatamente o pescoço deles né..." comentou, tentando forçar a maçaneta. "trancada. acho que é só para assustar, mesmo."

O pai de Joachim nunca gostou de forasteiros. Entre os ensinamentos dele, um dos mais importantes era tomar cuidado com lobisomens que chegavam na cidade. Ele já não gostava da Alder Pack por ser uma matilha rival, mas lobos sem matilha eram um enigma maior para ele. Achava estranho um lobisomem que não tinha lealdade e Nate era um desses, então ele tinha que ficar ligado. Não aceitou o cigarro e tirou um do seu bolso para ser teimoso. ❛ os caras da oficina que arranjaram, só aceitei para me deixarem em paz. ❜ Sentiu que precisava dar uma explicação. ❛ que amor nada, surtou? a tinta que você usa é de má qualidade, tá fazendo mal para a sua cabeça. ❜ Na hora que Joachim acendeu o cigarro, as luzes se apagaram. Um humano só iria ver os dois cigarros acessos, mas pelo menos com as suas habilidades não estavam totalmente no escuro. ❛ uma pena que o trauma de hoje vai tirar a possibilidade de um segundo encontro. ❜ Ele nem terminou de falar e começou a ouvir umas batidas na porta do vagão. ❛ não vai gritar muito alto quando ficar com medo. ❜

com @arcdocburlew

evento: labirinto das almas perdidas

pouca coisa abalava o firme cerne de confiança de nate em suas habilidades e sanidade mental. ele não gostava do labirinto. mais cedo já havia se encontrado com celine (o que tinha sido um péssimo prelúdio do que estava por vir), e agora se via perdido em uma das área mais remotas. se fechasse os olhos para aguçar sua audição, conseguia ouvir a voz de alguém que há muito tempo tinha ido embora pedindo por ajuda--- e aquilo simplesmente estraçalhava seu coração. sabia que era uma ilusão auditiva do labirinto, provavelmente um espectro que tinha vasculhado sua mente e o atormentava para que ele se perdesse ali para sempre. era para ser um evento legal, uma competição amigável entre ele e dois amigos lobisomens, mas não mais. de repente, cada passo começava a se tornar mais pesado, as pupilas diminuindo e aumentando conforme o sufoco de ouvir aquela voz levava sua sanidade. nate tinha que se controlar. começou a caminhar apoiando-se nas videiras do labirinto, a outra mão puxando a gola da camisa em busca de mais conforto para respirar. isso até quase se trombar com alguém que vinha de outra direção, e que imediatamente entendeu o que estava acontecendo, puxando-o para se sentar no chão. "greg?" nate piscava os olhos, tentando fazer a imagem do vampiro mais clara na visão.

para a história de tiny, uma risada que começou a reverberar quando no meio do conto. nate sentiu o divertimento subindo pelo peito, até ecoar para fora da boca em uma boa gargalhada. podia imaginar a cena bem até demais: a esquadria da porta, as roupas claramente dois números menores. os olhares atônitos. os vampiros assustados. ah... a companhia de tiny era sempre um deleite. "putamerda." tragou seu cigarro, olhando para a frente ao deixar-se levar pela imaginação. "eles devem ter tomado um susto do caralho, posso imaginar. eu queria ter estado lá, acompanhando você em ação. deve ter sido um espetáculo daqueles, bem sangrento. mas me fala, se renderam após presenciarem a sua magnificência..?" nate riu de novo, balançando a cabeça de um lado para o outro, enquanto o assunto tomava um rumo mais... delicado. "é... não. não é saúde. quer dizer, é saúde também. depois do fiasco da celine, não tive muito mais coragem pra sair com ninguém. eu quase morri, pelo amor de deus! fiquei com medo de cruzar caminho com algum ser mais maligno. quer dizer, tive um ou outro encontro que não evoluiu... porque eu também não quis. e aí comecei a andar com uma certa... fae." repuxou o lábio inferior, mostrando ligeiramente os dentes. "era só amizade, mas não acabou bem. ela botou fogo nos meus quadros." nate coçou o pescoço, lembrando-se da cena horrível. "quer dizer, eu não fui nenhum santo, tiny, mas ela queimou um ano de trabalho duro! qual é! e ainda me chamou de cachorro, você sabe como eu detesto isso. eu sou um lobo, caralho. não um poodle." tragou outra vez do seu cigarro, agora diminuindo ainda mais no humor. olhava para tiny tendo a plena consciência de que poderia ajudá-lo apenas pela metade. mas uma metade ainda era melhor do que nada. "não. outras alcateias, não. não sei como funcionaria, ou se funcionaria, mas deveríamos nos ajudar, tiny. nós dois não teríamos sozinhos forças pra criar uma alcateia, mas podemos firmar algum tipo de pacto. de compromisso." os olhos claros de nate estavam cheios de determinação e coragem. "isso diminuiria a ação da lua cheia, e ficaríamos mais fortes. com a chegada de lúcifer, não dá pra saber o que vai acontecer depois." suspirou, mas ainda não falava disso. "quando eu disse querer mais, queria dizer mais do mundo, sabe? a ideia de viver aqui pra sempre me assusta."

Pior erro que qualquer alma poderia cometer é inflar o ego do híbrido com um pedido de história. Detalhes de que tinha sido aquela a influenciar passando longe, assim como a animada expectativa de começar a falar. "Amsterdã. Três horas da tarde. Uma chuva fina caindo no céu fechado, pessoas andando rápido para as casas com luzes fortes..." A voz de locutor de rádio, de audiobook de dark romance, combinado com a mão erguida para o horizonte lentamente se movendo. Ah, era demais. Ele fez um som de deixar pra lá com os lábios. "Cinco vampiros cheio de marra prenderam dois lobisomens da minha alcateia. Amigos meus, quase irmãos, sabe? Eles estavam sendo torturados e falando de mim. Tiny vai aparecer. Tiny isso, Tiny aquilo, e os vampiros dobrando de rir. Que medo alguém chamado Tiny pode provocar? Segui o rastro, cheguei no covil e a porcaria da entrada era minúscula. Eu tive que entrar de ladinho e o lance, a esquadria da porta, veio junto. Você tinha que ter visto a cara deles quando eu me transformei." Se já era grande como humana, a forma lupina massiva tinha terminado de reduzir o espaço para níveis claustrofóbicos. Todos os importantes se salvaram, como disse Tiny mais tarde, e com diferentes estados de sujeira pela forma como abateram os vampiros. O híbrido revirou os olhos, deixando-os cair no rosto do amigo. "Desde que meu uniforme virou uma camisa branca, sim." Reconheceu a escolha como tendenciosa, bem elaborada. Seu temperamento mais ameno treinado naquelas pequenas interações, forçando-se a assumir um ar mais casual para melhor explorar aquela prisão encantada. "Por quê? Sabe que é como andar de bicicleta, você nunca esquece. É alguma coisa de saúde? A recuperação lupina não tá dando conta? Sabe que os médicos são bem discretos quanto a isso, certo?" Ele tinha algumas suspeitas do que poderia ser, mas não provocaria além disso. Se quisesse dizer, ele estaria pronto para ouvir sem um pingo de julgamento. Pronto, até, para colocar certos nomes na fogueira em nome do companheirismo (te amo, celine). "Ei, rapaz, meus parabéns! Deve acabar com os neurônios de um escrever coisas desse tipo. Vai me contar sobre o que é ou vou precisar esperar por um momento certo? Quando estiver pronta?" O assunto da bebida deixou o semblante carrancudo de novo. Não por não gosta, mas por estar muito feliz com a notícia. E para não ser taxado do mesmo jeito 'chato' fingiu que era mais uma coisa corriqueira, falação sobre o clima e afins. "Eu tenho quase 40 anos, três décadas só como lobisomem. Não costumo ter esse tipo de problema. Mas... É complicado. Não... Não ceder ao outro lado." Colocou o cigarro entre os dedos antes de esfregar o inferior com o indicador. O sangue vampiro, a sede incontrolável, colocava aquele controle de monge num estado delicado. Seu silêncio dizia muito, ainda mais para Nate que tinha visto no seu pior estado: lobo destroçando a presa e bebendo do sangue. "O que quer dizer?" A franqueza nas perguntas, sua marca registrada sem rodeios, partia de um lugar sincero. Genuinamente curiosos. Ele tinha pouco tempo em Arcanum, pouca familiaridade com tantos rastros e presenças sobrenaturais. Ainda estava mais confuso do que 'rejeitado', como ele parecia sentir. "Está falando das outras alcateias?"

chegar em casa após uma longa negociação de uma coleção de quadros era muito reconfortante: nate poderia esquecer toda conversa fiada, piada pronta e explicações do porquê não beberia nenhum vinho. ou pelo menos, assim ele esperava fazer... tomar um bom e demorado banho e dormir cedo. em vez disso, foi recebido por uma fumaça que escapava por entre os frisos de madeira do estúdio e pelas janelas. e um sr. nikolai muito nervoso. as chamas altas, lambiam e engoliam seus quadros recém vendidos, uma quantia substancial que contava para pagar por um serviço. agora ali, frente a jinx, tremia tanto as mãos no mais puro ódio e remorso, que parecia que entraria em combustão em alguns segundos. o lobo que gritava e rosnava no fundo da cabeça queria sair, e deixava sua pele quente. nate sabia que não poderia deixá-lo vencer essa luta, porque perderia não só a luta, mas também o controle. abocanharia jinx e qualquer pessoa que passasse em seu caminho, e então teria a vida arruinada ou acabaria em um destino pior: morto. "e é por merdas exatamente como essas que eu quis deixar essa parte da minha vida pra trás! incluindo VOCÊ!" ele exclamou, tamanha a raiva que os olhos brilhavam em uma cor sobrenatural na mais pura indignação. "você não tem um pingo de consciência nessa sua cabeça de vento. não é só sobre o dinheiro, você sabe..." rosnou, silenciando-se, e a necessidade em machucá-la de volta com as palavras crescia a cada frase respondida. em seu âmago, dor e vergonha se misturavam. "eu devia saber que andar com você me causaria algum dano no futuro, jinx. mas eu fui descuidado, fechei os olhos pra sua reputação e me aproximei demais." esfregava a mão na nuca em uma tentativa desesperada de se acalmar, mas quando foi chamado de cachorro acabou jorrando a frustração afundando a ponta do pé em uma latinha, que voou tão rápido que se podia ver apenas o rastro, explodindo ao colidir com a parede, mas longe de jinx. ainda assim, nate não queria machucá-la. "sabe, jinx." agora ele olhava para o chão, a face fria, decepcionada. "eu achei que seríamos sempre amigos. mas, no fundo, eu só estava sofrendo. não era essa vida que eu queria pra mim. eu nunca fui assim. nos divertimos, é claro, mas isso... isso foi longe demais."

𝐁𝐄𝐅𝐎𝐑𝐄, 𝐝𝐨 𝐥𝐚𝐝𝐨 𝐝𝐞 𝐟𝐨𝐫𝐚 𝐝𝐨 𝐬𝐨𝐫𝐭𝐢𝐥𝐞́𝐠𝐢𝐨 𝐝𝐚 𝐠𝐚𝐧𝐚̂𝐧𝐜𝐢𝐚.

@wolfrcge era sortudo. extremamente sortudo. porque quais seriam as chances dele encontrar a faerie em um dia em que ela não estava de bom humor? o karma havia sido veloz em entregar as consequências de seu incêndio recente, e problemas a serem lidados no cassino lhe renderam uma boa dor de cabeça. ela havia se rendido. caminhado em seus finos saltos para fora do estabelecimento, e aproveitado para tomar um vício antigo ao acender um cigarro. era para serem minutos de relaxamento. e então ouviu a voz dele. claro que riu. um riso com escárnio, em um misto de divertimento. ele havia se dado ao trabalho de ir até ali? deveria ser o máximo que havia ido por aquela amizade. "se você veio aqui para pedir perdão, não continue a andar. estou farta de latidos seus." dispensou com a mão, mas não foi de muito efeito. a fala parecia ter catalisado uma explosão. ela passou a língua sobre o próprio lábio superior, enquanto cravava os olhos sobre o lobisomem. "ter me deixado insatisfeita?" o cigarro acesso foi atirado no chão, errando por muito pouco seu interlocutor. "seu ponto de vista é esse? só não é mais patético que sua carreira falida. eu não dou a mínima do quanto irá te custar. nada coloca um preço em criar simpatia por um bêbado medíocre só para tê-lo chutando na calçada quando decidiu se livrar de seus vícios. é ridículo. e ainda, fingir que não me conhece? eu deveria ter pisado em seu pescoço quando lhe flagrei desacordado. agradeça que só queimei suas pinturas. um déficit financeiro costuma ser o melhor dos resultados. poderia ser dito que você e sua bunda mole sairam até ilesas de suas patifarias... e ainda é um maldito cachorro. você literalmente fede a carniça e eu te deixei entrar em minha casa."